Artigo publicado na Revista Guia explicando de forma resumida o que é e, como surgiu e como é meu trabalho como Psicoterapeuta Humanista Existencial.
O humanismo surge na Grécia no século V a.C., principalmente com um filósofo chamado Sócrates. Até então as pessoas tinham como objeto de reflexão os deuses, mitos e a natureza. É o momento em que o pensamento deixa de lado a mitologia grega e volta-se para o próprio homem. Esta nova forma de se pensar, agir e interagir com o mundo atravessa a idade média, entretanto, com a inquisição o foco volta-se novamente para Deus, eliminando aqueles que não se comportavam de acordo com as normas ortodoxas de ser. Com a inquisição, o homem foi “crucificado em vida” e obrigado a abandonar o pensamento que se diferia desta ortodoxia. O “ser – humano” é novamente retirado de foco. É importante ressaltar que para o pensamento humanista, o homem continua e sempre foi fruto de uma obra divina. No entanto, possui o livre arbítrio e é responsável pelas suas ações. A seguir, declamo uma passagem de Shakespeare que elucida melhor essa posição:
“Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio; tão vário na capacidade; em forma e movimento, tão preciso e admirável, na ação é como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais.” Hamlet, William Shakespeare.
Esta é uma famosa passagem que ilustra claramente o pensamento renascentista e humanista. “Ser – humano”, é ser autêntico, é ser verdadeiro com sua historia, é entendê-lo como sendo um homem que sabe e um homem que busca, que busca um caminho para o encontro de si mesmo. A seguir por um simples rastro, com razão ou não, o Renascimento e o Iluminismo resgataram esses valores humanos de “ser”, com força total.
A psicologia humanista fundamentou sua concepção de homem através desses valores. Em meados do século XX, Carl Rogers da origem a psicoterapia centrada na pessoa, onde mergulhou profundamente neste mundo mais humano, positivo e compreensivo. A psicoterapia centrada na pessoa é apenas uma psicoterapia dentro da psicologia humanista.
Independente da abordagem a ser adotada pelo terapeuta é muito importante que ele preze o ser humano acima de tudo. Assim como nós psicoterapeutas devemos ver o mundo com olhos sensíveis, as pessoas também podem enxergar o próximo com mais amor, esperança e compaixão. Rogers nos ensina através da psicologia, a ser mais humano, a não invadir o espaço do outro, lembrar que não somos melhores nem piores que ninguém. Não nos cabe julgar, ter preconceitos, discriminar ou analisar os mecanismos de defesas de cada um.
Nós terapeutas, devemos aceitar as pessoas tal qual elas são. É lembrar que estamos ali servindo como facilitador do seu processo de desenvolvimento. É viajar em seu mundo, de mãos dadas com ela, ao seu lado, de uma maneira delicada e sutil. É mostrar que ali, tem um amigo fiel e confiável, que a aceita e a respeita como é. Vale ressaltar que esses valores, de forma alguma devem se passar a nível superficial ou artificial, pois é um processo congruente e autêntico, respeitando-a acima de tudo. É enxergar seus desafios tal qual ela mesma os vê. É ajudá-la a se ajudar, sem violar seus direitos pessoais, tornando explícito a vivencia que o cliente ainda não tem consciência.
Tanto nós psicoterapeutas, quanto quaisquer outras pessoas podem ser mais compreensivas umas com as outras. Às vezes é tão difícil de nos comunicar verdadeiramente com alguém, e quando conseguimos ainda temos que ser julgados por elas? É importante pensar que nossas palavras sempre serão insuficientes para representar nossas reais sensações, percepções e sentimentos. Falamos apenas uma palavra de cada vez enquanto pensamos, sentimos e experenciamos incontáveis sensações ao mesmo tempo. Ao invés de julgar alguém, posso oferecer a ele, a oportunidade de ser ouvido, e digo ser ouvido com amor, carinho, aceitação e compreensão, mesmo que eu não concorde, ou não aprove uma determinada ação, essa foi a maneira de ser que ele mesmo escolheu. Quando aceito e compreendo realmente alguém, ofereço a oportunidade de ser ele mesmo, sem medo de ser aceito pelo outro, sem medo de ser analisado no seu discurso.
Não preciso confirmar ou aprovar a ação de alguém, esta deve vir por si só. A pessoa esta condenada a sua liberdade, já dizia Sartre. Ela é livre para decidir inclusive não ser livre, não cabe a nós decidir o que é bom, ruim, certo ou errado para a outra pessoa. Enquanto psicoterapeuta devo servir como facilitar do seu processo de enriquecimento e valorização pessoal. E nunca, digo nunca, devo achar que sei mais da outra pessoa do que ela mesma.
É tão difícil, quase impossível pensar em sermos nós mesmos quando a sociedade a todo o momento nos impede de ser. Exigimos demais das outras pessoas para que elas atendam a nossa necessidade egoísta.
Finalizo esse artigo, dizendo que acredito no ser humano e em todo o seu potencial, e agradeço aos grandes mestres por dividirem este conhecimento conosco.
Flávio Torrecillas
Dezembro de 2010
Nossa Adorei o Resumo que fez, estou usando para estudar para minha prova.. Obrigada
Nossa eu assino essa revista. estou feliz por saber que foi voce quem escreveu. sinto que estou em boas mãos mesmo tendo feito uma consulta apenas com o sr.